Um tsunami de proporções inimagináveis abateu o Conselho Regional da Ordem dos Músicos de São Paulo nesta semana.
Na manhã desta segunda-feira (25/10), inúmeros músicos que procuraram a autarquia federal para renovação e expedição de suas carteiras funcionais, encontraram um aviso interditando a passagem ao elevador na porta do edifício localizado na Avenida Ipiranga, Centro de São Paulo. O papel impresso em uma folha sulfite continha os seguintes dizeres: “Por determinação do Conselho Federal, o regional de São Paulo estará fechado a partir do dia 25 de Outubro de 2016 até segunda ordem do referido conselho. Peço que seja bloqueado o trânsito a nossa dependência até a nossa volta. Apenas os interventores Ricardo Antão e Anapolino Batista, estão autorizados a entrarem nas dependências do prédio, 6º andar da ordem dos músicos, ficando sob a total responsabilidade do condomínio a entrada de outra pessoa. São Paulo, 25 de Outubro de 2016”. No documento, com o Brasão da República, continha duas assinaturas, uma delas, descrita por Ricardo Antão (Pte. da junta interventora).
Os funcionários da Ordem dos Músicos - CRESP, também foram vistos chegando e inadvertidamente se deparando com o aviso.
Dias atrás, soubemos de uma denúncia realizada por membros do Conselho Regional SP ao Conselho Federal (localizado no DF), sobre supostas irregularidades cometidas pelo então presidente da OMB-CRESP Prof. Roberto Bueno; entre as quais, evidências de empréstimos realizados por agiota, movimentação bancária irregular, desvio de dinheiro, superfaturamento de notas-fiscais, aquisição de produtos e serviços sem licitação, apropriação indébita, falsidade ideológica e formação de quadrilha, ilustraram a denúncia enviada ao novo Presidente do Conselho Federal da OMB, Gerson Ferreira Tajes, que prontamente designou dois membros da Ordem dos Músicos, o Sr. Anapolino Batista (Brasilia) e o Dr. Ricardo Antão (Rio Grande do Norte), para que se estabelecessem por um curto período em São Paulo, a fim de realizarem uma auditoria interna e identificassem a veracidade dos fatos.
Segundo testemunhas, ao chegarem na autarquia, realizaram verificações em documentos e ouviram as pessoas frequentadoras do local. Afastaram temporariamente o presidente Prof. Roberto Bueno, toda a diretoria e alguns funcionários. Isolaram o local, evitaram contato com pessoas externas e negaram-se à declaração para a imprensa a fim de não atrapalharem as investigações.
O ato não foi publicado pelo presidente Gerson Ferreira Tajes, no Diário Oficial até a presente data, mas segundo esclarecimentos verbais dos interventores, um documento teria sido registrado em cartório.
Não se sabe ao certo o que eles relataram nos autos desta auditoria interna, mas soubemos que ambos foram convocados à retornarem com urgência à Brasília, pelo Vice-Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Músicos no Distrito Federal, Dr. Jesiel Motta, motivo este, que provocou o lacre da unidade de São Paulo, sem aviso prévio.
ROBERTO BUENO e GERSON FERREIRA TAJES
“Entre tapas e beijos”
A relação entre os presidentes da classe musical é repleta de histórias inusitadas de desentendimentos, agrados, cinismos e falsidades.
O Professor Roberto Bueno, assumiu o Conselho Regional da Ordem dos Músicos em São Paulo, no dia 21 de Novembro de 2008, após intervir e tirar do poder o Dr. Wilson Sandoli, que estava há quatro décadas ocupando a cadeira de presidente, inclusive, no Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado de São Paulo – SINDMUSSP. Coincidentemente, as acusações que fez ao seu antecessor, são quase as mesmas atribuídas à ele recentemente na nova denúncia.
Gerson Tajes (Alemão) era membro da UGT em um dos setores de eventos e foi apresentado a Roberto Bueno pelo Ex-funcionário da OMB, Mario Henrique de Oliveira, responsável pelas principais denúncias junto ao Ministério Publico Federal e Ministério do Trabalho.
Roberto Bueno, por interesses desconhecidos, passou a oferecer vantagens políticas à Gerson Tajes no encaminhamento de cargos para ele e sua equipe.
O falecido ex-presidente da OMB-CRESP, OMB-DF e SINDMUSSP, Wilson Sandoli, ainda ocupava a cadeira de presidente do SINDMUSSP (Sindicato dos Músicos) na época em que Gerson Ferreira Tajes, acompanhado do cantor e político Netinho, interviram no Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado de São Paulo e depuseram Wilson Sândoli do poder. Após assumir como Presidente do SINDMUSSP, Gerson Ferreira Tajes gozou de todos os benefícios e apoios da OMB-CRESP, através do Professor Roberto Bueno, a fim de unificarem os seus trabalhos “em prol do músico”.
Entrevista gravada em maio/2014
“Carne e Unha” eram Roberto Bueno e Gerson Tajes, até que numa bela manhã de maio de 2014, o então presidente do SINDMUSSP (Gerson Tajes), colocou uma banda tocando em frente ao prédio, sede das duas entidades em São Paulo, composta por músicos contratados (alguns, membros de sua diretoria) para uma manifestação fake a fim de atacarem o Presidente Roberto Bueno e demais membros do Conselho.
A união entre os dois acabou naquela tarde em que a briga ficou latente.
Gerson Tajes comemorou o sucesso da conquista do sindicato em seu poder, de isentar os músicos a se filiarem na autarquia na qual, pouco tempo depois, se tornou presidente. A publicação realizada em seu informativo (julho/2014), declarava com todas as letras a felicidade na conquista em acabar com a carteira da Ordem dos Músicos.
O motivo da briga, teria sido o descumprimento de uma promessa de Roberto Bueno ao Tajes em favorece-lo com um cargo no Conselho Federal em Brasília.
Na ocasião, Roberto Bueno disse que “Alemão” se demonstrou “truculento” e “apolítico” durante um episódio de intervenção que os dois teriam feito em outros estados e que por isso, resolveu desligar o parceiro dessas ações conjuntas, o que teria motivado a sua ira.
Observação: Recentemente, em 03/10/2016, a ex-presidente do Conselho Regional do Rio Janeiro, Célia Silva, declarou em entrevista para a Jornalista Claudia Freitas, que ocorreram diversas arbitrariedades cometidas por Roberto Bueno e Gerson Tajes na intervenção.
Gerson Tajes emplacou a sua equipe do Sindicato acusando Roberto Bueno, que por sua vez, tratou de acusá-lo de desvio de dinheiro, fornecendo documentos que comprovavam a existência de mais de R$2 milhões em caixa no sindicato e o suposto desvio de recursos, atingindo a margem de R$ 4 milhões, nunca investigado pela Polícia Federal.
Alguns dias depois, ambos fizeram as pazes.
Na época, Gerson Tajes foi procurado inúmeras vezes, mas não fomos atendidos.
Na época, Gerson Tajes foi procurado inúmeras vezes, mas não fomos atendidos.
FIO SOLTO
Roberto Bueno na qualidade de presidente da OMB/CRESP, entrou com uma ação judicial (revogada depois de pouco tempo), alegando que Gerson Tajes |Alemão| e sua diretoria não possuíam capacidade técnica para ocupar o cargo de presidente do Sindicato, pois nem músico profissional ele era.
Processo OMB/CRESP x SINDICATO
Desistência do Processo da OMB
De acordo com matéria publicada pelo jornalista Marcos Santos, da revista eletrônica "Repórter Águia", em que o músico Mario Henrique de Oliveira, fez diversas denúncias sobre as irregularidades dos órgãos defensores dos músicos, foi também publicado um documento em que o Presidente do Conselho Regional da Ordem dos Músicos em São Paulo, Professor Roberto Bueno, declara em 20 de maio de 2014, que Gerson Ferreira Tajes seria músico prático, destacando que a qualificação seria apenas para fins do exercício profissional, sendo vedada quaisquer atividades administrativas na OMB. Um mês depois (24/06/2014), Bueno também assinou um documento declarando que Gerson Tajes era um músico prático e não profissional, como exigia o estatuto da OMB.
(Imagem de Arquivo do denunciante Mario Henrique de Oliveira)
AS PAZES
Após a aparente trégua entre os dois e a estranha submissão do Presidente da OMB/CRESP ao Gerson Tajes, o recém-chegado no comando classista musical avança na hierarquia e se transforma no Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil |o topo da lista|.
OS SEGREDOS DO RIO DE JANEIRO
A jornalista Claudia Freitas, recentemente (03/10/16), realizou uma entrevista com a Ex-Presidente do Conselho Regional da Ordem dos Músicos – RJ, Célia Silva (cantora), sobre supostos crimes de falsificação, desvio de dinheiro, entre outras irregularidades que teriam sido cometidas por Roberto Bueno e Gerson Tajes, durante uma intervenção realizada por lá. A juntada de documentos para investigação, segundo a matéria publicada na Revista Eletrônica Viu, já foi encaminhada para o Ministério Público Federal.
DOSE DUPLA
Ainda não se sabe o que os interventores designados por Gerson Tajes, encontraram na OMB/CRESP que possa incriminar o Prof. Roberto Bueno, mas o que está deixando todos intrigados, é o fato de terem saído às pressas sob a determinação do seu Vice-Presidente do Conselho Federal, Dr. Jesiel Motta, numa publicação em um jornal ignorado, (recorte enviado por um anônimo), aonde teria publicado os seguintes dizeres: “EDITAL DE CONVOCAÇÃO – A Vice-Presidência do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil, convoca a diretoria e conselheiros efetivos, do Conselho Federal da OMBCF para analisar e decidir sobre as graves denúncias acusatórias contra membros da diretoria. Toda a documentação será entregue à Polícia Federal e Ministério Público Federal, Assuntos, Fraudes, Subtração Financeira, Improbidade Administrativa e Outros. Dia 27/10/16, às 13hs – Será realizada a reunião. Dia 28/10/16 – Continuação da Reunião, horário a ser definido na Reunião Anterior. Local (...) – Jesiel Motta – Vice-Presidente.
Procurados por esta redação, os senhores Jesiel Motta, Ricardo Antão e Anapolino Batista não foram encontrados para maiores esclarecimentos.
A classe musical e esta redação do Músico Empreendedor espera maiores esclarecimentos por parte de todos os envolvidos, a fim de que sejam dirimidas todas as dúvidas em relação a idoneidade moral dos homens que se intitulam “defensores dos músicos” e das entidades que teriam por finalidade as prestações de serviços, mas que infelizmente corrompem e ajudam a desprestigiar a profissão de músico neste país.
MINISTÉRIO PÚBLICO, POLÍCIA FEDERAL E MINISTÉRIO DO TRABALHO SÃO OMISSOS NAS QUESTÕES DOS MÚSICOS
Várias denúncias foram enviadas aos órgãos do poder judiciário sem haver sido feita uma justa investigação. As causas que envolvem o artigo 53 da lei 3857/60 que determina o recolhimento de percentuais dos shows internacionais, sempre foi negociada à parte por advogados contratados pelo Presidente Roberto Bueno da OMB/CRESP, muito bem pagos por suas negociações, muito embora, já que um valor destinado por Lei como recolhimento, deveria ser contribuído através de um sistema integrado com a Secretaria da Fazenda, Receita Federal, etc., através de boleto bancário, DARF ou outro sistema fiscalizável. Existem suspeitas de que contratos tinham valores manipulados e seus recolhimentos favoreciam outras partes, que não os músicos. Tais valores, se recolhidos com integridade legal, poderiam ser destinados a benefícios e incentivos à arte musical, sem necessidade nenhuma de negociadores.
As notas contratuais, recolhidas por anos pela Ordem dos Músicos e Sindicatos, hoje desobrigadas, ocuparam salas enormes e sem finalidade alguma na Secretaria do Trabalho, sem nunca terem sido registradas ou fiscalizadas a fim de recolher os direitos trabalhistas de músicos.
O Tribunal de Contas por sua vez, analisa os balanços apresentados sem avaliar na verdade a veracidade dos fatos. Desde que a matemática esteja certa, "está tudo bem"... No vídeo abaixo, na ocasião, o Presidente Roberto Bueno citou a aprovação do TCU em suas contas, entretanto, o relatório emitido para a Ordem dos Músicos, naquele ano, apontava a necessidade de se verificar a autenticidade dos recolhimentos referentes ao artigo 53.
Parte do Relatório:
Parte do Relatório:
Na data da gravação deste vídeo, em maio/2014, o Presidente Roberto Bueno prometeu publicar no site da Ordem dos Músicos o balanço detalhado das contas da entidade, o que não foi cumprido até o momento.
Dois anos depois, dois meses atrás, as denúncias encaminhadas ao atual presidente do Conselho Federal, contra a administração de Roberto Bueno, apontaram irregularidades que foram investigadas pelos interventores.
"Enquanto isso, piratas continuam embarcando no navio do músico, navegando em praias longínquas, em férias e com remos de ouro."
Estamos aguardando o posicionamento do Conselho Federal da Ordem dos Músicos com o mínimo de lisura e transparência para esclarecermos os fatos do por quê a Ordem dos Músicos de São Paulo amanheceu lacrada nesta manhã.
Em breve esperamos ter mais notícias.
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