"Por falta de R$7 milhões, Banda Sinfônica de São Paulo é extinta, enquanto o Sistema Prisional recebe R$51 milhões para reformas"
Dia 9 de Fevereiro será a data que marcará no calendário de
2017 a decadência cultural do estado de São Paulo. Todos os músicos da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, serão demitidos. Ameaçadas de extinção, desde
o final do ano passado, a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo e a Banda Jazz
Sinfônica, estão passando por momentos difíceis.
Segundo o Secretário da Cultura do Estado de São Paulo, José
Roberto Sadek, a Banda Jazz Sinfônica, ainda continuará recebendo a verba
necessária, mas a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, com 65 músicos, será
despedida, apenas o Maestro Marcos Sadao Shirakawa, ainda permanece contratado
pela empresa Pensarte, organização social de cultura, responsável pela gestão das
duas Bandas e do Theatro São Pedro.
Músicos durante a manifestação de 05/02 na Av. Paulista - SP foto: Divulgação |
Os músicos fizeram concertos em manifestações, no mês de
dezembro, na Assembleia Legislativa de São Paulo e conseguiram apoio de vários
deputados para a votação de uma emenda parlamentar que contribuiria com R$5
milhões dos R$9 milhões necessários para a sobrevivência da banda em 2017, até
que conseguissem patrocínios de empresas privadas.
No início do ano, o Governador Geraldo Alckmin
contingenciou, ou seja, “congelou” a quantia, impedindo que a emenda fosse
repassada para a Banda. Desde então, os músicos têm realizado inúmeras
manifestações públicas pedindo apoio e consideração para o fato de que o
valor impediria o desemprego do grupo. Mesmo assim, e com pedidos das instituições de
classe e da população, o governador continua irredutível em sua posição.
Recentemente declarou à imprensa que o valor que seria repassado para a Banda
Sinfônica do Estado de São Paulo, será agora destinado ao Projeto Guri,
garantindo 15 mil vagas de iniciação musical gratuita para crianças. Segundo a Secretaria da Cultura, o Projeto Guri dá aulas
para 53 mil crianças e jovens no Estado de São Paulo. Este ano teve 4 dos seus 37 polos culturais fechados na região oeste paulista, mesmo com a Lei Rouanet aprovada e incentivos fiscais para os patrocinadores.
A Banda Sinfônica do Estado de São Paulo existe há 28 anos e
iniciou o seu trabalho com bolsistas. Os 65 músicos ficarão desempregados a partir desta quinta-feira (09/02), mas todos os seus direitos empregatícios estão
garantidos, segundo o Presidente do Sindicato dos Músicos Profissionais do
Estado de São Paulo – SINDMUSSP, Adelmo Ribeiro, que também declarou, que
embora as reivindicações ao governador e ao secretário da cultura, tenham sido
em vão, pretendem continuar mobilizando não só os músicos, mas a sociedade,
para que se manifestem em favor da Banda.
“Músico não procura emprego em jornal” Declarou o Maestro
Sadao. A categoria dos músicos é diferenciada. Até a década de 80, São Paulo era a cidade da gastronomia e famosa pelas boates e noites agitadas, com o
melhor da MPB, boemia e bossa nova; agora, se tornou conhecida, pela movimentação noturna
na famosa cracolândia e as pichações que nunca são apagadas, ao lado da melhor sala de espetáculos da cidade, a “Sala
São Paulo” e no entorno dos seus mais antigos monumentos.
Este ano, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, investirá R$51 milhões em
presídios no estado e acabou de desabrigar um projeto de 28 anos que necessita
de apenas R$7 a 9 milhões para a sua sobrevivência e que gera emprego para 65 músicos e vários outros profissionais que fazem parte da cadeia produtiva da música, como roldies, assistentes de palcos, iluminadores, técnicos de som e vários outros geradores de empregos, que atuam em torno de cada apresentação, sem falar dos milhares de fãs da música de boa qualidade e daqueles que nunca terão acesso à ela. É certo que a reforma de presídios, também vai gerar empregos e novas oportunidades, mas a quantia necessária que seria destinada para a manutenção da Banda Sinfônica tem um custo/benefício muito melhor para a população, como dizia Platão antigamente: - A música é a ginástica da alma.
As políticas públicas do maior estado do país, desprestigiam
os fazedores da cultura, os trabalhadores da saúde, os professores, etc., e fomenta
as inutilidades públicas, como os presídios que custarão uma fortuna para serem
construídos e novamente reconstruídos, após os próximos incêndios e rebeliões.
Neste carnaval, a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo,
deveria fazer uma manifestação em frente ao pior presídio de São Paulo e em frente ao Palácio dos Bandeirantes, ao som
de “Quem não chora, não mama (Nelson Barbosa – Vicente Paiva)” ou "Aonde está o dinheiro (Francisco Mattoso - Paulo Barbosa)". Afinal, todas
as reivindicações feitas pelo PCC – Primeiro Comando da Capital são negociadas
e atendidas, mesmo que parcialmente pelo governo do estado. Mas, como as “manifestações” dos músicos são pacíficas e musicais, o governador se faz de surdo e os
inocentes continuarão pagando pelos culpados. A inversão de valores no Brasil segue deslanchando a todo vapor. Como disse o filósofo pensador: “O maior inimigo de um
governo é um povo culto.”
Infelizmente, o governo Alckmin, há muito tempo
coloca a negociação com as facções criminosas à frente dos interesses sociais e
principalmente culturais. A injustiça nunca esteve tão estampada nos preceitos políticos como ultimamente, não só em São Paulo, mas em todo o território nacional.
A pergunta é: AONDE IREMOS PARAR? - É muito mais barato comprar um giz do que uma bala de revólver. (Para alguns, comprar o giz pode ser barato, mas para outros, pouco vantajoso...)
Justificativas:
Cadeia improdutiva que será beneficiada com R$51 milhões:
Ladrões, assassinos, estupradores, políticos corruptos, sequestradores, traficantes, falsificadores, entre outros.
Cadeia produtiva da cultura, especificamente da música que será prejudicada pela falta de R$9 milhões:
Comércio varejista especializado em instrumentos musicais e acessórios, comércio varejista de discos, cds, dvds e fitas, gravação de som e edição de música, ensino de música, produção musical, atividades de sonorização e de iluminação, gestão de espaços para artes cênicas, espetáculos e outras atividades artísticas, discotecas, danceterias, salões de dança e similares, ou seja, pontos de turismo e de lazer.
ENTREVISTA COM O MAESTRO MARCOS SADAO SHIRAKAWA
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