Programa Músico Empreendedor

domingo, 3 de novembro de 2019

Larissa Finocchiaro fala sobre a experiência de participar de megashows

Larissa Finocchiaro
Quando ingressou no Projeto Guri, na época aos 14 anos, Larissa Finocchiaro não imaginava que um dia integraria a mais famosa companhia circense do mundo. Natural de São Bernardo do Campo, no Grande ABC, a jovem cantora e compositora, hoje, aos 30 anos, faz parte da equipe internacional de OVO, espetáculo do Cirque du Soleil atualmente em turnê pelo mundo.

“Soube, por intermédio de uma amiga, que a companhia estava em busca de uma cantora brasileira para integrar o espetáculo. Decidi participar de uma audição à distância (que envolveu gravação de vídeos de músicas do espetáculo e outros materiais). Poucas semanas depois, recebi a notícia de que havia sido selecionada”, afirma Larissa, que cursou as aulas de violino e canto coral no Guri.

Sua estreia no espetáculo foi justamente com o início da turnê pelo Brasil, realizada em março deste ano. “Foi uma imensa honra começar cantando no meu próprio país e ter a chance de apresentar canções em português”, descreve. O OVO, dirigido pela coreógrafa brasileira Deborah Colker, tem o objetivo de levar elementos brasileiros ao mundo.

“Participar do Cirque du Soleil tem sido uma experiência muito positiva e que terá um grande impacto em minha vida. Tudo graças ao estudo. São mais de 16 nacionalidades convivendo e trocando experiências e isso tem contribuído para o meu crescimento como pessoa e como artista”, acrescenta.

Paixão pela música desde a infância

Larissa teve contato com a música ainda pequena. Em casa, seus pais e sua irmã, aproveitavam as reuniões familiares para fazer o que mais gostavam: tocar canções da MPB no violão. No entanto, foi no Projeto Guri - maior programa sociocultural brasileiro, mantido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo - que ela obteve as primeiras noções de teoria musical e de percepção, estudou partituras, entrou em contato com o repertório clássico e aprendeu arranjos para orquestra.

“A música transformou minha vida em muitos sentidos. Nela, encontrei uma forma de me expressar, de criar e, também, de mobilizar emoções em mim e nas pessoas”, afirma. “Quando participei do Guri, fiz parte da Orquestra e do Coral, o que me ajudou a aprender a estar em grupo, a ter responsabilidade com os ensaios e com os repertórios que fazíamos”, recorda a musicista.

Na época em que participou do programa, a jovem tocou com as Choronas, no Museu da Casa Brasileira, participou do espetáculo Os Saltimbancos, realizou apresentações na Sala São Paulo, e se envolveu em inúmeros eventos que foram importantes para o seu desenvolvimento na música.

“Por intermédio do Projeto Guri conheci três artistas (Caio Merseguel, Victor Merseguel e Vanessa Moreno) que foram meus parceiros musicais no grupo vocal Karallargá. Nos conectamos como compositores contemporâneos e gravamos um disco inteiramente produzido por nós”, comenta Larissa.

Vida pós-Guri


Paralelamente à música, a jovem chegou a estudar psicologia e saúde coletiva. Também se formou em Licenciatura em Música pela Universidade Federal de São Carlos e em Canto Popular pelo Conservatório de Tatuí. Em 2018, a artista lançou seu disco solo chamado “Carta ao XXI” e publicou um livro de poesias intitulado “Que a Gente Esteja Vivo Para Ver”.

Para o futuro, Larissa almeja mobilizar caminhos para que suas produções alcancem um número ainda maior de pessoas. “Quero seguir no espetáculo enquanto estiver em turnê. No entanto, pretendo produzir outros discos, gravar clipes de algumas canções do “Carta ao XXI” e explorar outras formações musicais que ampliem as possibilidades da voz como instrumento”, conclui a cantora.

Projeto Guri www.projetoguri.org.br

Patrocinadores e apoiadores do Projeto Guri – Sustenidos: CTG Brasil; VISA; Bayer; WestRock; Microsoft; VALGROUP; Supermercados Tauste; Novelis; Caterpillar; EMS; Capuani do Brasil; Pinheiro Neto; Instituto CCR por meio da CCR AutoBAn; Grupo Maringá; AES Tietê; Faber Castell; Distribuidora Ikeda, ASTA; Mercedez-Benz; Supermercados Rondon; Castelo Alimentos, Raízen; Arteris; GRUPO GR; Pirelli; Tereos.

Sobre o Projeto Guri

Mantido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, o Projeto Guri é o maior programa sociocultural brasileiro e oferece, nos períodos de contraturno escolar, cursos de iniciação musical, luteria, canto coral, tecnologia em música, instrumentos de cordas dedilhadas, cordas friccionadas, sopros, teclados e percussão, para crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos (até 21 anos nos Grupos de Referência e na Fundação CASA). Cerca de 50 mil alunos são atendidos por ano, em quase 400 polos de ensino, distribuídos por todo o estado de São Paulo. Os mais de 330 polos localizados no interior e litoral, incluindo os polos da Fundação CASA, são administrados pela Sustenidos, enquanto o controle dos polos da capital paulista e Grande São Paulo fica por conta de outra organização social. A gestão compartilhada do Projeto Guri atende a uma resolução da Secretaria que regulamenta parcerias entre o governo e pessoas jurídicas de direito privado para ações na área cultural. Desde seu início, em 1995, o Projeto já atendeu mais de 770 mil jovens na Grande São Paulo, interior e litoral.

Sobre a Sustenidos

Eleita a Melhor ONG de Cultura de 2018, a Sustenidos administra o Projeto Guri. Desde 2004, é responsável pela gestão do programa no litoral e no interior do estado de São Paulo, incluindo os polos da Fundação CASA. Além do Governo de São Paulo, a Sustenidos conta com o apoio de prefeituras, organizações sociais, empresas e pessoas físicas. Instituições interessadas em investir na Sustenidos, contribuindo para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, têm incentivo fiscal da Lei Rouanet e do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (FUMCAD). Pessoas físicas também podem ajudar. Saiba como contribuir: http://www.sustenidos.org.br/pessoa-fisica/.



sábado, 2 de novembro de 2019

Com Orquestra Profunda de Delicadeza e a soprano Wanessa Tubúrcio

Wanessa Tibúrcio
No domingo, dia 10 de novembro, às 16h, o Sesc Campo Limpo recebe “Erudição Preta Brasileira” com Orquestra Profunda de Delicadeza. A atividade é gratuita, livre e sem retirada de ingresso.

O sexteto Orquestra Profunda de Delicadeza se apresenta ao lado da soprano Wanessa Tibúrcio, no repertório, trechos de óperas consagradas seguidas de leituras que se colocam como contrapontos construídos a partir das obras de mulheres negras de grande relevância para a história brasileira, como Conceição Evaristo, Luísa Mahin, Beatriz Nascimento, dentre outras.

Composta por instrumentos de sopro, cordas e percussão (fagote, sax, violoncelo, contrabaixo e percussão), a apresentação terá a regência de Ronaldo Gama.

Wanessa Tiburcio é fundadora e professora do projeto Preta Voz. Também é coordenadora da Ocupação Cultural Jeholu. Leciona Canto e Canto Coral no GURI Santa Marcelina, para crianças e adolescentes de 10 a 18 anos. Teve a oportunidade de solar a Missa da Coroação de W.A Mozart, Oratorio Nöel de Camille Saint Saens. Compôs o naipe de sopranos do Coral Jovem do Estado de São Paulo sob regência de Naomi Munakata. Cantou Choros no. 10 de H. Villa Lobos na Sala São Paulo, junto ao Coral Juvenil do GURI e o Coral Jovem do Estado sob regência de Cláudio Cruz.

Orquestra Profunda de Delicadeza, nascida para cantar poemas e orquestrar as profundidades da delicadeza humana, esse coletivo nos encanta com a musicalização de poemas como, Conceição Evaristo, Neide Almeida, Débora Garcia, entre outros.

O endereço do Sesc Campo Limpo é Rua Nossa Senhora do Bom Conselho, 120. Mais informações pelo telefone 5510-2700 ou pelo portal www.sescsp.org.br.



Serviço

“Erudição Preta Brasileira”
Dia 10 de novembro, domingo, das 16h às 17h30
Grátis
Livre
Capacidade: 200 pessoas
Sem retirada de ingresso
Local: Tenda de Convivência


Sesc Campo Limpo
Endereço: Rua Nossa Senhora do Bom Conselho, 120. Campo Limpo, São Paulo/SP
Horários de funcionamento: Terça a sábado, das 13h às 22h. Domingos, das 11h às 20h
Tel: (11) 5510-2700

domingo, 27 de outubro de 2019

Angel B fará abertura da 5ª edição do RnB Rewind em Los Angeles

Ela está com tudo! A cantora e dançarina brasileira, Angel B, fará a abertura da 5ª edição do RnB Rewind no Microsoft Theater em Los Angeles. O evento está marcado para o dia 19 de janeiro e contará com a presença de nomes consagrados do R&B internacional como Keith Sweat, TLC, Tony! Toni! Tone!, Donell Jones, Next, 112, entre outros.

A brasileira vive em Los Angeles e tem conciliado a carreira de música com a de dançarina do rapper Snoop Dogg, com quem já trabalha há 3 anos.

Angel falou sobre a expectativa para o evento e como foi receber o convite.

“Nossa fiquei muito feliz!! É uma honra pra mim ter recebido esse convite e poder me apresentar no mesmo palco desses ícones do R&B. Estou ansiosa e muito animada.”

A ansiedade também se explica pelo fato de abrir um evento em que ídolos da cantora também se apresentarão.

“Sou muito fã do grupo TLC, cresci acompanhando a carreira delas e amei que elas estão de volta. E claro admiro o trabalho de Keith Sweat, Donell Jones, 112!”

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

ORQUESTRA SINFÔNICA VILLA LOBOS REALIZA TRIBUTO A STAN LEE NESTE DOMINGO





A Orquestra Sinfônica Villa Lobos, sob regência do maestro Ederlei Lirussi, realiza no domingo (27 de outubro), às 20h (de Brasília), no Teatro UMC, em São Paulo (SP), um Tributo a Stan Lee, escritor e editor da Marvel Comics, cujas fantásticas criações fizeram dele um super-herói da vida real para os amantes de quadrinhos em todo mundo, que faleceu recentemente aos 95 anos.

Na ocasião será apresentada uma edição especial do espetáculo “Os maiores heróis de todos os tempos”. Lee, que é um ícone do mundo pop, será homenageado pelo maestro Ederlei Lirussi, com uma grande sinfonia, que apresentará temas de seus principais heróis: Pantera Negra, Homem-Aranha, os X-Men, Poderoso Thor, Homem de Ferro, Quarteto Fantástico, Incrível Hulk, Demolidor, Dr Estranho e Homem Formiga, entre outros.

Lirussi, que é natural de Franco da Rocha (SP), iniciou as suas atividades como maestro em 1992, desenvolvendo vários projetos musicais em diversas Bandas e Fanfarras, atuando em muitas cidades brasileiras. Além de maestro, Ederlei atua como trompetista profissional, que marcou o seu começo na música na década de 80, participando de várias formações tais como: Bandas, Orquestras, Big Bands, Grupos de Jazz, Quintetos de Metais.

Já a Orquestra Sinfônica Villa Lobos, que foi fundada em 2000 pelo Maestro Adriano Machado, é o mais versátil conjunto sinfônico do país. Com experiência adquirida dentro do repertório clássico, maestro e músicos imprimem uma sonoridade única nas execuções dos mais variados estilos musicais. Aproveitando o grande público ofereceremos concertos de música sinfônica e shows voltados a todas as idades. O objetivo é fazer com que esse público atraído por um grande evento ouçam música orquestral, formando centenas multiplicadores da apreciação musical.

Tributo a Stan Lee

Gênero: Concerto Sinfônico
Classificação: Livre
Valores: R$ 60,00 (inteira) / R$30,00 (meia)
Data: 27 de outubro, às 20h (de Brasília)
Local: Teatro UMC (www.teatroumc.com.br)
Endereço: avenida Imperatriz Leopoldina, 550 (entrada pelo Boulevard), Vila Leopoldina, em São Paulo (SP)
Duração: 70 Minutos
Vendas por telefone: (11) 2574-7749
Vendas Online: ingressos.teatroumc.com.br
Fotos: Divulgação

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Vou Pro Sereno lança novo projeto de inéditas, "Eu Volto Pra Almoçar"

Grupo Vou Pro Sereno

O grupo Vou Pro Sereno, um dos expoentes do Samba carioca, lança seu mais novo trabalho de inéditas, o EP “Eu Volto Pra Almoçar”, que chega nesta sexta-feira (11) às plataformas digitais. Composto por seis faixas, o projeto traz o grupo carioca no melhor de seu som característico.

Confira: https://smb.lnk.to/EuVoltoPraAlmocar

O projeto apresenta as canções “Eu Volto Pra Almoçar”, Coisas do Coração”, “Nega da Feira”, “Pão que Alimenta”, “Tudo Mudou” e “Quando o Mal Virar Mel”. A faixa-título é a nova música de trabalho, que estreará nas rádios de todo país e ganhará também clipe oficial com participação da apresentadora Adriana Bombom. A estreia acontecerá nas próximas semanas.

Alex Sereno, um dos autores da música, conta que a expectativa com “Eu Volto Pra Almoçar” é que ela entre na casa das pessoas e traga alegria para todos, já que a faixa tem um lado cômico e aborda o cotidiano. Sobre a composição, ele explica: “A ideia é mostrar um pouco do que acontece num domingo de manhã na vida de um suburbano. Que acorda cedo e vai para beira do campo para curtir um bom futebol. E sempre quando chega a hora do almoço, o telefone do pessoal que é casado já começa a tocar com as esposas chamando. Mas quando a pelada tá boa a gente esquece um pouco do horário e quando vê já tá quase escurecendo e não voltou para almoçar”.

Este é primeiro projeto inteiramente inédito do grupo, reconhecido também por releituras de sucessos do Samba. O EP “Eu Volto Pra Almoçar” representa um novo caminho rumo à consolidação de um trabalho que aposta em sucessos próprios. O grupo reserva novidades para os próximos meses.

Vou Pro Sereno ou “VPS”, como chamam os fãs, é formado por Alex Sereno (tantã e voz), Júlio César (pandeiro e voz), Paulinho (reco-reco e voz) e Rodrigo Sereno (violão e voz). Com mais de 20 anos de história, o quarteto surgiu na Zona Oeste do Rio e explodiu nacionalmente com a música “Nada Pra Fazer”, que deu nome a uma roda de samba que levava cerca de 10 mil pessoas ao Bangu Atlético Clube, na cidade do Rio de Janeiro. A roda começou a atrair amantes do samba, além de muitos sambistas. Desde então, o grupo passou a rodar com o projeto, embalando e animando o público com o melhor dos clássicos do samba pelo país.







domingo, 13 de outubro de 2019

Os 70 anos de Fagner e o lançamento de 13 álbuns do cantor

Capas Cds Fagner


Dez dias depois de Zé Ramalho, no próximo dia 13 de outubro, chega aos 70 anos outro grande expoente da geração nordestina que renovou a música brasileira quatro décadas atrás: o cearense Raimundo Fagner. Da mesma forma que fez com seu colega e parceiro, a Sony Music, prosseguindo no incansável projeto de digitalização de seu imenso catálogo (restaurando tapes analógicos e projetos gráficos originais de seus antigos vinis), celebra a data trazendo de volta alguns de seus melhores álbuns. São 13 títulos que estarão disponíveis pela primeira vez nas plataformas de streaming, sendo nove originais, de carreira – “A mesma pessoa” (1984), “Fagner” (1986) – e os demais com preciosas faixas bônus: “Orós” (1977), “Eu canto (Quem viver chorará)” (1978), “Traduzir-se” (1981), “Sorriso novo” (1982), “Palavra de amor” (1983), “Fagner” (1985) e “O quinze” (1989). Além disso, dois álbuns que já estavam disponibilizados – “Beleza” (1979) e “Eternas ondas” (1980) – ganham agora versões com faixas extras. Fecham a tampa três coletâneas (“Chave de mim”, 1989, “Entre amigos”, 1990, e “Bateu saudade”, 1996) e um compacto com o jogador Zico (“Batuquê de praia” e “Cantos do Rio”), de 1982.

Com sua voz rascante, de sonoridade algo árabe (herança do pai libanês), Fagner imprimiu um estilo de interpretar diferente de tudo que havia no país até então. Após sair vitorioso em festivais universitários no Ceará e em Brasília, de ter gravado um compacto em dupla com o conterrâneo Cirino, feito uma participação no Festival Internacional da Canção de 1972 e de ter “Mucuripe” (dele com Belchior) lançada no Disco de Bolso do prestigiado jornal Pasquim, enfim gravou seu primeiro disco no ano seguinte na Phonogram, e ainda faria mais dois na Continental até aportar na CBS em 1977. Ali gravou seu quarto álbum, o hoje cultuado “Orós” (capa ao lado), nome de uma pequena cidade centro-sul do Ceará, onde nasceu.

O disco fazia um mergulho num Nordeste mais profundo, levando-o para o mundo, com a ajuda de instrumentistas de vanguarda como Hermeto Pascoal, Ro­bertinho de Recife, Itiberê Zwarg, Paulinho Braga, Nivaldo Ornelas, Márcio Montarroyos, Do­minguinhos, Chico Batera, Meireles, Mauro Senise, entre outros. Um disco experimental sem deixar de ser popular, aliando forró, jazz e psicodelia, destacando “Cebola cortada” (Clodô/ Petrúcio Maia) e “Flor da paisagem” (Robertinho do Recife/ Fausto Nilo). Esta edição traz de faixas bônus “Acalanto para um punhal” (do LP de seu autor, Robertinho do Recife com Herman Torres), e ainda “Depende” (Fagner/ Abel Silva), e uma nova versão de “Flor da paisagem”, ambas lançadas originalmente no LP de Amelinha daquele ano, cujo título era o mesmo desta última canção.

Capas de Cds de Fagner


A seguir, atendendo a um conselho do “Rei” Roberto Carlos, passou a gravar músicas que tivessem maior apelo popular. Foi o caso de “Revelação” (Clodô/ Clésio), inclusa no LP “Eu canto” (1978), que ganhou as paradas de sucesso de todo o país, com a participação de Robertinho do Recife, num solo antológico de guitarra. O álbum novamente trazia a adesão de grandes músicos, como Dino 7 Cordas, Chico Batera, João Donato, Dominguinhos, além de Manassés, Fernando Falcão e Izaías. Ele encontrou ocasionalmente com esse trio em Paris, e ali acabaram por idealizar o álbum, gravado na volta dos músicos ao Brasil. O título original do disco provinha de um trecho da canção “Motivo”, de Fagner, baseado num poema de Cecília Meirelles. Em novembro de 1979, o cantor venceu o Festival 79 de Música Popular da TV Tupi, com “Quem me levará sou eu” (Dominguinhos/ Manduka), que nas reedições do álbum passou a aparecer no lugar de “Motivo”, razão pela qual também o título do álbum mudou para “Quem viver chorará” – esta, a propósito, também o nome de uma canção gravada no LP do compadre Manassés, em 79, incluída como bônus, assim como outra autoral, “Violada” (do mesmo álbum). Há ainda como extras a regravação de dois de seus hits iniciais, “Manera Fru Fru, manera” e “Cavalo ferro”, gravadas no LP do parceiro (em ambas) Ricardo Bezerra, também de 79.

Ainda em 1979, o álbum “Beleza” revelou o grande sucesso “Noturno” (Caio Sílvio/ Graco), tema de abertura novela das oito “Coração alado”, da TV Globo, e reaparece agora com quatro faixas bônus: “Loucos swingues tropicais” (do LP de Robertinho do Recife, numa parceria dele com o cantor), “Passarim de Assaré” (Fagner/ Fausto Nilo, do álbum coletivo “Soro”), “Passarás, passarás, passarás” (Petrúcio Maia/ Capinan, do LP da colega Téti) e “Oferenda” (Clodô/ Climério, do LP dos irmãos Clodô, Climério e Clésio) – todos do mesmo ano. “Eternas ondas” (1980) estourou a faixa título, composta pelo colega e contemporâneo Zé Ramalho. Trata-se de um disco de viés bem nordestino, com as participações do próprio Zé e também de Sivuca, Egberto Gismonti, Oberdan Magalhães, Naná Vasconcellos e novamente Robertinho do Recife e Dominguinhos. Entram agora no streaming as faixas bônus “Tudo ou nada” e “Quatro prantos” (do álbum “Terra”, do violonista Nonato Luiz, autor de ambas, com Fausto Nilo) e “Morena Penha” (do LP da Banda Santarén, com a participação de Manassés, este, autor da canção com Petrúcio Maia), todas de 80.

Capas Cds de Fagner

O álbum favorito do cantor, “Traduzir-se” (1981) nasceu de uma viagem à Espanha, sendo lançado também na Europa e América Latina. Além da faixa-título, em que musicou os belos versos de Ferreira Gullar, o disco consagrou “Fanatismo”, canção de Fagner sobre poema da poeta portuguesa Florbela Espanca. É um disco que abarca canções de nomes importantes da literatura (como Garcia Lorca) e da música latina nas composições e participações de nomes não menos legendários como Mercedes Sosa (“Años”, de Pablo Milanés). De bônus, uma nova gravação de “Vaca estrela e boi fubá” desta vez com seu autor, Patativa do Assaré, em seu LP “A terra é naturá”, do ano anterior, e “Bom vaqueiro”, de um álbum de duetos do autor, o maranhense João do Vale (com Luiz Guimarães).

“Sorriso novo” (1982) trouxe mais dois poemas de Florbela Espanca (“Fumo” e “Tortura”) e outro de Ferreira Gullar (“Qualquer música”). Foi gravado em Nova York, sendo o primeiro trazendo o mago dos teclados Lincoln Olivetti ao seu trabalho. Graças ao compromisso com o arranjador do momento, acabou perdendo a oportunidade única de trabalhar com George Martin, legendário produtor dos Beatles, que disse a ele após ouvir algumas de suas canções, que só trabalhava em discos inteiros e não apenas em algumas faixas, por isso este álbum passou para a história como aquele em que Fagner “quase trabalhou com George Martin”. Foi também o mais caro de sua carreira, arregimentado por Gil Evans, com naipes estelares de metais. A mais tocada foi a balada autoral “Pensamento”. De faixas bônus, “Frieza”, outra do cantor em parceria com Florbela Espanca, em dueto com Amelinha (de seu LP daquele ano) e duas canções de um compacto com o craque do Flamengo, Zico, “Batuquê de praia” e “Cantos do Rio” (ambas de Petrúcio Maia), também lançado separadamente nesse projeto de aniversário.

Mais um ano, mais um disco e mais um sucesso. “Guerreiro menino (Um homem também chora)”, de Gonzaguinha, tomou de assalto o Brasil em sua voz. Uma música de forte que fazia a denúncia de que “não dá pra ser feliz” sendo excluído socialmente. Ela fez parte do álbum “Palavra de amor” (1983), que trouxe nova parceria vocal com Chico Buarque em “Contigo” (Fagner/ Ferreira Gullar), dez anos depois da gravação original de “Joana Francesa”, para o filme homônimo de Cacá Diegues, e a releitura da melancólica “Prelúdio pra ninar gente grande”, de Luiz Vieira, com participação do tecladista César Camargo Mariano. De bônus, “Xote dos poetas” e “Filhos do câncer”, gravadas em dueto com Zé Ramalho, no álbum do amigo “Orquídea negra”.

Considerado pelo cantor seu disco de melhor sonoridade, “A mesma pessoa” (1984) foi gravado no estúdio Sigla (da Som Livre) e o restante em Londres com o engenheiro de som Steve Taylor, onde foi finalizado. Trouxe o sucesso “Cartaz” (Francisco Casaverde/ Fasuto Nilo) e a regravação do pop/romântico “Só você”, hit de seu autor Vinícius Cantuária. Em 1985 foi a vez de “Fagner”, seu último álbum na CBS. Trazia as participações da saudosa Beth Carvalho no samba “Te esperei” (Gereba/ Capinan), de Rosana (antes da fama) nos vocais de “Pressentimento” (Beto Fae/ Fausto Nilo) e mais uma vez Chico Buarque, na divertida “Paroara”, uma rara canção assinada pelos dois. “Deixa viver”, dos mesmos autores de “Cartaz”, aparece também numa versão remix de bonus track.


A fase de explosão em vendas

Seu álbum de estreia na RCA (depois BMG, hoje Sony Music), “Fagner” (1986) foi catapultado pela faixa “Lua do Leblon” (Lisieux Costa, irmã da compositora Sueli Costa e da cantora Telma Costa, com Fausto Nilo) e “Dona da minha cabeça” (outra de Fausto, com Geraldo Azevedo), vendendo 300 mil cópias. O disco seguinte, “Romance no deserto” – que já se encontrava nas plataformas de streaming – foi um dos maiores best sellers do cantor, chegando às 700 mil unidades vendidas, graças ao megahit “Deslizes” (balada de dor-de-cotovelo dos hitmakers do momento, Michael Sullivan e Paulo Massadas), trazendo ainda outra, a lasciva “À sombra de um vulcão” (Fagner/ Fausto Nilo): “Quem sonha contigo molha a cama/ Quem te ama dorme à sombra de um vulcão”.

Dois anos depois, o eclético “O quinze” foi outro tiro certeiro do artista, vendendo 500 mil cópias com repertório entre o sofisticado e o popular, agregando regravações do bolero “Tortura de amor”, de Waldick Soriano, da valsa “Joana Francesa” (Chico Buarque, em novo dueto com o próprio), a balada soul “As dores do mundo” (Hyldon) e até uma versão em português (do oniprsente Fausto Nilo) para o standard “Ne me quitte pas”, de Jacques Brel, “Não me deixes mais”. Uma das mais executadas foi a balada “Amor escondido” (Fagner/ Abel Silva), incluída na trilha da novela “Tieta”, da TV Globo. Este álbum, lançado na época da transição do formato “Long play” para o “Compact Disc”, teve uma edição ampliada nesta última mídia, que cabia mais músicas, trazendo uma recriação de seu hit inicial, “Mucuripe”, a então inédita “Amor e crime” (Belchior/ Francisco Casaverde), uma versão instrumental da faixa de abertura “Cidade nua” (Fagner/ Fausto Nilo) e em homenagem ao Rei do Baião, Luiz Gonzaga, recém-falecido, com quem o cantor chegou a gravar dois álbuns inteiros, a toada “Estrada de Canindé” e um medley de forrós.

Fechando o pacote, três coletâneas. “Chave de mim” (1989) faz um apanhado de sua fase “CBS” (1977-1985). “Entre amigos” apresenta duetos do cantor com Cazuza (“Contramão”), Roupa Nova (“Palavra de amor”), Nara Leão (“Penas do tiê (Você)”), Ney Matogrosso (“Postal de amor” e “Ponta do lápis”), além dos já citados Amelinha, Chico Buarque, Beth Carvalho e Mercedes Sosa. Finalmente, “Bateu saudade” (1996) traz um Fagner forrozeiro, incluindo o hit “Pedras que cantam” (Dominguinhos/ Fausto Nilo, 1991), tema da novela “Pedra sobre pedra”, da Globo, e diversos forrós clássicos, incluindo participações de dois dos maiores ícones do gênero, Marinês e Luiz Gonzaga, respectivamente em dois medleys. O filho deste último, Gonzaguinha, outro grande amigo de Fagner, é lembrado em “Saudade” no ano de sua morte prematura, num dueto com outra grande intérprete do compositor, a cantora Joanna. Como se vê, um repertório fundamental, agora ao alcance de todos.

Rodrigo Faour

Videoclipe: