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terça-feira, 25 de outubro de 2016

ORDEM DOS MÚSICOS EM SÃO PAULO ESTÁ INTERDITADA ATÉ SEGUNDA ORDEM

Por: Claudia Souza

Um tsunami de proporções inimagináveis abateu o Conselho Regional da Ordem dos Músicos de São Paulo nesta semana.

Na manhã desta segunda-feira (25/10), inúmeros músicos que procuraram a autarquia federal para renovação e expedição de suas carteiras funcionais, encontraram um aviso interditando a passagem ao elevador na porta do edifício localizado na Avenida Ipiranga, Centro de São Paulo. O papel impresso em uma folha sulfite continha os seguintes dizeres: “Por determinação do Conselho Federal, o regional de São Paulo estará fechado a partir do dia 25 de Outubro de 2016 até segunda ordem do referido conselho. Peço que seja bloqueado o trânsito a nossa dependência até a nossa volta. Apenas os interventores Ricardo Antão e Anapolino Batista, estão autorizados a entrarem nas dependências do prédio, 6º andar da ordem dos músicos, ficando sob a total responsabilidade do condomínio a entrada de outra pessoa. São Paulo, 25 de Outubro de 2016”. No documento, com o Brasão da República, continha duas assinaturas, uma delas, descrita por Ricardo Antão (Pte. da junta interventora).



Os funcionários da Ordem dos Músicos - CRESP, também foram vistos chegando e inadvertidamente se deparando com o aviso.

Dias atrás, soubemos de uma denúncia realizada por membros do Conselho Regional SP ao Conselho Federal (localizado no DF), sobre supostas irregularidades cometidas pelo então presidente da OMB-CRESP Prof. Roberto Bueno; entre as quais, evidências de empréstimos realizados por agiota, movimentação bancária irregular, desvio de dinheiro, superfaturamento de notas-fiscais, aquisição de produtos e serviços sem licitação, apropriação indébita, falsidade ideológica e formação de quadrilha, ilustraram a denúncia enviada ao novo Presidente do Conselho Federal da OMB, Gerson Ferreira Tajes, que prontamente designou dois membros da Ordem dos Músicos, o Sr. Anapolino Batista (Brasilia) e o Dr. Ricardo Antão (Rio Grande do Norte), para que se estabelecessem por um curto período em São Paulo, a fim de realizarem uma auditoria interna e identificassem a veracidade dos fatos.

Segundo testemunhas, ao chegarem na autarquia, realizaram verificações em documentos e ouviram as pessoas frequentadoras do local. Afastaram temporariamente o presidente Prof. Roberto Bueno, toda a diretoria e alguns funcionários. Isolaram o local, evitaram contato com pessoas externas e negaram-se à declaração para a imprensa a fim de não atrapalharem as investigações.

O ato não foi publicado pelo presidente Gerson Ferreira Tajes, no Diário Oficial até a presente data, mas segundo esclarecimentos verbais dos interventores, um documento teria sido registrado em cartório.

Não se sabe ao certo o que eles relataram nos autos desta auditoria interna, mas soubemos que ambos foram convocados à retornarem com urgência à Brasília, pelo Vice-Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Músicos no Distrito Federal, Dr. Jesiel Motta, motivo este, que provocou o lacre da unidade de São Paulo, sem aviso prévio.


ROBERTO BUENO e GERSON FERREIRA TAJES

“Entre tapas e beijos”

A relação entre os presidentes da classe musical é repleta de histórias inusitadas de desentendimentos, agrados, cinismos e falsidades.

O Professor Roberto Bueno, assumiu o Conselho Regional da Ordem dos Músicos em São Paulo, no dia 21 de Novembro de 2008, após intervir e tirar do poder o Dr. Wilson Sandoli, que estava há quatro décadas ocupando a cadeira de presidente, inclusive, no Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado de São Paulo – SINDMUSSP. Coincidentemente, as acusações que fez ao seu antecessor, são quase as mesmas atribuídas à ele recentemente na nova denúncia.

Gerson Tajes (Alemão) era membro da UGT em um dos setores de eventos e foi apresentado a Roberto Bueno pelo Ex-funcionário da OMB, Mario Henrique de Oliveira, responsável pelas principais denúncias junto ao Ministério Publico Federal e Ministério do Trabalho.

Roberto Bueno, por interesses desconhecidos, passou a oferecer vantagens políticas à Gerson Tajes no encaminhamento de cargos para ele e sua equipe.

O falecido ex-presidente da OMB-CRESP, OMB-DF e SINDMUSSP, Wilson Sandoli, ainda ocupava a cadeira de presidente do SINDMUSSP (Sindicato dos Músicos) na época em que Gerson Ferreira Tajes, acompanhado do cantor e político Netinho, interviram no Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado de São Paulo e depuseram Wilson Sândoli do poder. Após assumir como Presidente do SINDMUSSP, Gerson Ferreira Tajes gozou de todos os benefícios e apoios da OMB-CRESP, através do Professor Roberto Bueno, a fim de unificarem os seus trabalhos “em prol do músico”.

Entrevista gravada em maio/2014



Diplomas, honrarias, declarações de gratidão e amizade, ilustraram o marketing programado durante as diversas solenidades de entrega de diplomas e carteiras aos músicos recém-chegados na OMB e reapresentados ao "novo Sindicato".

“Carne e Unha” eram Roberto Bueno e Gerson Tajes, até que numa bela manhã de maio de 2014, o então presidente do SINDMUSSP (Gerson Tajes), colocou uma banda tocando em frente ao prédio, sede das duas entidades em São Paulo, composta por músicos contratados (alguns, membros de sua diretoria) para uma manifestação fake a fim de atacarem o Presidente Roberto Bueno e demais membros do Conselho.






A união entre os dois acabou naquela tarde em que a briga ficou latente.

Gerson Tajes comemorou o sucesso da conquista do sindicato em seu poder, de isentar os músicos a se filiarem na autarquia na qual, pouco tempo depois, se tornou presidente. A publicação realizada em seu informativo (julho/2014), declarava com todas as letras a felicidade na conquista em acabar com a carteira da Ordem dos Músicos.



O motivo da briga, teria sido o descumprimento de uma promessa de Roberto Bueno ao Tajes em favorece-lo com um cargo no Conselho Federal em Brasília.

Na ocasião, Roberto Bueno disse que “Alemão” se demonstrou “truculento” e “apolítico” durante um episódio de intervenção que os dois teriam feito em outros estados e que por isso, resolveu desligar o parceiro dessas ações conjuntas, o que teria motivado a sua ira.


Observação: Recentemente, em 03/10/2016, a ex-presidente do Conselho Regional do Rio Janeiro, Célia Silva, declarou em entrevista para a Jornalista Claudia Freitas, que ocorreram diversas arbitrariedades cometidas por Roberto Bueno e Gerson Tajes na intervenção.


Gerson Tajes emplacou a sua equipe do Sindicato acusando Roberto Bueno, que por sua vez, tratou de acusá-lo de desvio de dinheiro, fornecendo documentos que comprovavam a existência de mais de R$2 milhões em caixa no sindicato e o suposto desvio de recursos, atingindo a margem de R$ 4 milhões, nunca investigado pela Polícia Federal.



Alguns dias depois, ambos fizeram as pazes.
Na época, Gerson Tajes foi procurado inúmeras vezes, mas não fomos atendidos.


FIO SOLTO

Roberto Bueno na qualidade de presidente da OMB/CRESP, entrou com uma ação judicial (revogada depois de pouco tempo), alegando que Gerson Tajes |Alemão| e sua diretoria não possuíam capacidade técnica para ocupar o cargo de presidente do Sindicato, pois nem músico profissional ele era.

Processo OMB/CRESP x SINDICATO




Desistência do Processo da OMB




De acordo com matéria publicada pelo jornalista Marcos Santos, da revista eletrônica "Repórter Águia", em que o músico Mario Henrique de Oliveira, fez diversas denúncias sobre as irregularidades dos órgãos defensores dos músicos, foi também publicado um documento em que o Presidente do Conselho Regional da Ordem dos Músicos em São Paulo, Professor Roberto Bueno, declara em 20 de maio de 2014, que Gerson Ferreira Tajes seria músico prático, destacando que a qualificação seria apenas para fins do exercício profissional, sendo vedada quaisquer atividades administrativas na OMB. Um mês depois (24/06/2014), Bueno também assinou um documento declarando que Gerson Tajes era um músico prático e não profissional, como exigia o estatuto da OMB.

(Imagem de Arquivo do denunciante Mario Henrique de Oliveira)




AS PAZES

Após a aparente trégua entre os dois e a estranha submissão do Presidente da OMB/CRESP ao Gerson Tajes, o recém-chegado no comando classista musical avança na hierarquia e se transforma no Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil |o topo da lista|.


OS SEGREDOS DO RIO DE JANEIRO

A jornalista Claudia Freitas, recentemente (03/10/16), realizou uma entrevista com a Ex-Presidente do Conselho Regional da Ordem dos Músicos – RJ, Célia Silva (cantora), sobre supostos crimes de falsificação, desvio de dinheiro, entre outras irregularidades que teriam sido cometidas por Roberto Bueno e Gerson Tajes, durante uma intervenção realizada por lá. A juntada de documentos para investigação, segundo a matéria publicada na Revista Eletrônica Viu, já foi encaminhada para o Ministério Público Federal.




DOSE DUPLA

Ainda não se sabe o que os interventores designados por Gerson Tajes, encontraram na OMB/CRESP que possa incriminar o Prof. Roberto Bueno, mas o que está deixando todos intrigados, é o fato de terem saído às pressas sob a determinação do seu Vice-Presidente do Conselho Federal, Dr. Jesiel Motta, numa publicação em um jornal ignorado, (recorte enviado por um anônimo), aonde teria publicado os seguintes dizeres: “EDITAL DE CONVOCAÇÃO – A Vice-Presidência do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil, convoca a diretoria e conselheiros efetivos, do Conselho Federal da OMBCF para analisar e decidir sobre as graves denúncias acusatórias contra membros da diretoria. Toda a documentação será entregue à Polícia Federal e Ministério Público Federal, Assuntos, Fraudes, Subtração Financeira, Improbidade Administrativa e Outros. Dia 27/10/16, às 13hs – Será realizada a reunião. Dia 28/10/16 – Continuação da Reunião, horário a ser definido na Reunião Anterior. Local (...) – Jesiel Motta – Vice-Presidente.



Procurados por esta redação, os senhores Jesiel Motta, Ricardo Antão e Anapolino Batista não foram encontrados para maiores esclarecimentos.

A classe musical e esta redação do Músico Empreendedor espera maiores esclarecimentos por parte de todos os envolvidos, a fim de que sejam dirimidas todas as dúvidas em relação a idoneidade moral dos homens que se intitulam “defensores dos músicos” e das entidades que teriam por finalidade as prestações de serviços, mas que infelizmente corrompem e ajudam a desprestigiar a profissão de músico neste país.

MINISTÉRIO PÚBLICO, POLÍCIA FEDERAL E MINISTÉRIO DO TRABALHO SÃO OMISSOS NAS QUESTÕES DOS MÚSICOS

Várias denúncias foram enviadas aos órgãos do poder judiciário sem haver sido feita uma justa investigação. As causas que envolvem o artigo 53 da lei 3857/60 que determina o recolhimento de percentuais dos shows internacionais, sempre foi negociada à parte por advogados contratados pelo Presidente Roberto Bueno da OMB/CRESP, muito bem pagos por suas negociações, muito embora, já que um valor destinado por Lei como recolhimento, deveria ser contribuído através de um sistema integrado com a Secretaria da Fazenda, Receita Federal, etc., através de boleto bancário, DARF ou outro sistema fiscalizável.  Existem suspeitas de que contratos tinham valores manipulados e seus recolhimentos favoreciam outras partes, que não os músicos. Tais valores, se recolhidos com integridade legal, poderiam ser destinados a benefícios e incentivos à arte musical, sem necessidade nenhuma de negociadores.

As notas contratuais, recolhidas por anos pela Ordem dos Músicos e Sindicatos, hoje desobrigadas, ocuparam salas enormes e sem finalidade alguma na Secretaria do Trabalho, sem nunca terem sido registradas ou fiscalizadas a fim de recolher os direitos trabalhistas de músicos. 

O Tribunal de Contas por sua vez, analisa os balanços apresentados sem avaliar na verdade a veracidade dos fatos. Desde que a matemática esteja certa, "está tudo bem"...  No vídeo abaixo, na ocasião, o Presidente Roberto Bueno citou a aprovação do TCU em suas contas, entretanto, o relatório emitido para a Ordem dos Músicos, naquele ano, apontava a necessidade de se verificar a autenticidade dos recolhimentos referentes ao artigo 53.

Parte do Relatório:




Na data da gravação deste vídeo, em maio/2014, o Presidente Roberto Bueno prometeu publicar no site da Ordem dos Músicos o balanço detalhado das contas da entidade, o que não foi cumprido até o momento. 

Dois anos depois, dois meses atrás, as denúncias encaminhadas ao atual presidente do Conselho Federal, contra a administração de Roberto Bueno, apontaram irregularidades que foram investigadas pelos interventores.

"Enquanto isso, piratas continuam embarcando no navio do músico, navegando em praias longínquas, em férias e com remos de ouro." 

Estamos aguardando o posicionamento do Conselho Federal da Ordem dos Músicos com o mínimo de lisura e transparência para esclarecermos os fatos do por quê a Ordem dos Músicos de São Paulo amanheceu lacrada nesta manhã. 

Em breve esperamos ter mais notícias.

Matérias relacionadas:
http://www.musicoempreendedor.com.br/2016/10/ordem-dos-musicos-do-brasil-na-mira-da.html
http://reporteraguia.blogspot.com.br/2016/10/gostosuras-ou-travessuras_31.html
http://reporteraguia.blogspot.com.br/2016/10/farsa-do-novo-conselho-federal-da-omb.html
http://www.viuonline.com.br/notas-desafinadas-na-ordem-dos-musicos/#prettyPhoto

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Ministro quer vetar 100% de renúncia na nova Rouanet

Maestro Amilson Godoy
A nova Lei Rouanet que a reportagem se referencia, leva o nome de Pro-Cultura, Lei que tramita no
Senado Federal em busca de aprovação.

O Ministro Juca Ferreira, em seus debates públicos sobre a matéria, enquanto Ministro em mandato anterior, dizia que o novo texto Legal, depois dos encontros públicos que ocorriam na ocasião, seria levado à CNIC (Conselho Nacional de Incentivo à Cultura), para que o Conselho opinasse a respeito, visto que, conforme afirmava o Ministro, seria ali o Fórum qualificado para, em fase final, se expressar sobre o tema, o que jamais aconteceu.

Nós, Conselheiros da CNIC na ocasião, fomos supreendidos pela atitude do governo, que encaminhou diretamente para a Câmara a nova Lei, sem que o CNIC pudesse se manifestar sobre seus temas e propostas. Afinal, participam desse Conselho todos os representantes da área, tanto do Governo, como da Sociedade Civil.

Tomamos a iniciativa, quando surgiu a oportunidade algum tempo depois, em expor a situação e propor ao então Secretário de Fomento à Cultura, Henilton Menezes que se criasse uma Comissão de Trabalho entre seus membros, para que estudássemos o tema, uma vez que o Ministro (por seus motivos) tomou a iniciativa diferente do que havia falado inicialmente e nós, participantes da comissão, tínhamos muito que sugerir ao texto legal. 

O Secretário Henilton nos atendeu e assim foi feito. Criamos uma comissão interna que trabalhou durante aproximadamente um ano tendo encaminhado as sugestões ao então relator da Lei,
Deputado Pedro Eugênio (PT PE)- infelizmente faleceu em Abril deste ano- que munido das propostas, preparou uma reforma da Lei que atendesse os interesses do Estado Brasileiro, assim como da Sociedade Civil. 

Sugerimos alteração, onde detectamos desvios nos textos, o mesmo que o Ministro volta a propor para “... resgatar seu espírito original”, portanto, pela premência de tempo e como esse tema não passará pela CNIC, permitam-me antes que seja tarde publicamente relembrar algumas das sugestões de alteração.

INVERSÃO DE PAPÉIS E VALORES


1- Um dos artigos determina que os produtores, ou mesmo os artistas brasileiros repassem ao FNC (Fundo Nacional da Cultura) 20% dos valores captados, que no meu entender inverte seus objetivos, pois o FNC foi criado para fomentar a atividade cultural e, com essa medida, passa a ser fomentado pelos artistas brasileiros, em uma clara inversão de propósito. No texto reformado, o Deputado Pedro Eugênio criou formas alternativas para atender esse e outros interesses do Estado, de modo que o FNC pudesse ser beneficiado, ainda em melhores condições.

INDEPENDÊNCIA OU SORTE


2- A Lei Rouanet vem a ser a materialização de um desejo perseguido pela classe artística que era unicamente na ocasião a grande representante do mundo cultural. Não é nenhum favor ou um gesto de filantropia do Estado a favor da classe artística. Esta foi a maneira encontrada pelo Governo para atender nossas reivindicações e permitir ao fazedor de cultura o andar com suas próprias pernas, sem depender diretamente dos organismos públicos. Lembro-me ainda das palavras dos seus mentores: “... estamos criando um mecanismo que possibilita ao artista brasileiro desenvolver um sistema próprio de empregabilidade”. É necessário que este propósito se mantenha.


PÚBLICO/PRIVADO. QUEM É QUEM?


3- A obrigação constitucional de fomentar a Cultura é do Estado brasileiro e não do patrocinador, que deve ser encarado como parceiro nesta empreitada, pois o patrocinador faz o papel do Estado no fomento à atividade e a Lei de Incentivo empregada nesse processo é a sedução que o artista utiliza para atrair seus Mecenas, que em contra partida tem o direito de expor sua marca. Não é o inverso, como aponta o ministro: “... elas devem tirar dinheiro do bolso para ter seu nome carimbado em projetos culturais”, não considerando que esse recurso utilizado pela Lei Rouanet é fruto de impostos pagos por ele mesmo, o patrocinador. É a renúncia fiscal utilizada pelos Incentivos concedidos pelos governos para todas as áreas, o que no ano de 2012 destinou aos diversos segmentos, segundo Paulo Pélico (em reportagem exibida na Folha de São Paulo Cultura ruim de bilheteria: o que fazer? Publicado na Folha de São Paulo em 07/02/12 – coluna Tendências/Debates, “Em 2012, a previsão de gastos no Brasil com incentivo fiscal é de R$ 146 bilhões. Destes, ao redor de 1% será reservado à cultura”) (grifos nossos) Pergunto: Por que razão, quando se fala de recursos públicos os canhões estão sempre apontados para este lugar?


CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA


4- Com relação aos 100% que o ministro quer vetar, é necessário entender primeiramente o porquê do seu surgimento, cuja razão foi a de estimular e proteger a excelência artística, preocupação que o governo da época possuía, que a visão antropológica da cultura de hoje deixou de valorizar. Acabe com ele, que entre muitos malefícios que se sucederão, os senhores exterminarão com todas as Orquestras Brasileiras e este governo, apesar de ter promovido grandes avanços no setor cultural, será lembrado por esta estigma.

Por: Amilson Godoy (Pianista, Professor, Maestro Titular da Orquestra Sinfônica Arte Viva) e Conselheiro Titular de Música na CNIC (Conselho Nacional de Incentivo à Cultura).
amilson@amilsongodoy.com.br

quarta-feira, 6 de maio de 2015

HANGOUT DENÚNCIA COLOCA EM DÚVIDA COMPETÊNCIA DA DIRETORIA DO SINDMUSSP

A dúvida ronda o meio musical... Denúncias do músico Mario Henrique de Oliveira, apontam irregularidades na eleição da diretoria do SINDMUSSP - Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado de São Paulo. Mario mostrou documentos comprobatórios nos quais, a diretoria do Sindicato não teria a qualificação prevista no estatuto para ocupar o cargo, pois segundo uma declaração por escrito do Presidente da OMB-CRESP, Professor Roberto Bueno, na ocasião da eleição, vários membros da diretoria seriam músicos práticos. Curiosamente, pouquíssimo tempo depois, a diretoria já eleita, estava regulamentada como profissional pela própria OMB, órgão regulamentador da profissão de músico.

Algum tempo depois de assumir o SINDMUSSP - Sindicato dos Músicos do Estado de São Paulo, o presidente Gerson Tajes, reiniciou uma campanha para acabar com a OMB/CRESP, colocando em frente do prédio bandinhas tocando em protesto e comemorando nas redes sociais a vitória da liminar que desobriga os músicos do estado à emitirem a carteira de músico, como sendo de autoria da entidade.

A briga começou após Gerson Tajes perder o apoio político do presidente da OMB/CRESP, Professor Roberto Bueno para a eleição ao cargo de presidente do Conselho Federal da OMB/DF. Quando Gerson percebeu que não ocuparia o cargo ao qual havia sido indicado, iniciou uma batalha frenética para atacar os Conselheiros e a Diretoria da Ordem dos Músicos, o que resultou em processos de ambas as partes, com desgaste emocional e político.

Logo depois, os presidentes fizeram as pazes e Gerson Tajes, desde então passou novamente a contar com o apoio da OMB para realizar trabalhos de inspeção e moralização dos escritórios regionais da Ordem dos Músicos, ocupando assim dois cargos: como presidente do SINDICATO e Presidente da Comissão de Reestruturação Administrativa e Operacional da OMB Federal.

Durante um dos hangouts denúncia, Mario Henrique de Oliveira, aponta o advogado Helder Silveira, representante da Ordem dos Músicos do Brasil, como negociador dos valores do artigo 53 junto aos empresários que trazem os shows internacionais para o país, valores esses que correspondem a 10% do valor contratual. Esse percentual, determinado por lei, é dividido entre a OMB e o SINDMUSSP (no caso dos shows de São Paulo), em partes iguais. Porém, apesar de se tratar de um emolumento previsto por lei, nem sempre os percentuais correspondem aos valores exatos dos contratos, podendo ser negociados pelo advogado, que segundo Mario Henrique de Oliveira, ganha uma comissão em cada negociação. Salientou durante seu relado que já ocorreram shows internacionais que recolheram a média de R$11,00  (valor simbólico).

A pergunta é: Por quê os valores arrecadados não correspondem ao valor real do contrato? Não seria inconcebível um contrato internacional com recolhimentos de valor praticamente simbólico?

Segundo consta, há muito tempo que grandes empresários negociam num acordo de cavalheiros, recolhimentos que deveriam ser específicos e tarifados por lei, uma vez que se trata de uma autarquia federal e dos sindicatos estaduais.

O estados de São Paulo e Rio de Janeiro, muito representativos nos recolhimentos de shows internacionais, pela quantidade de grandes eventos existentes, são os dois maiores arrecadadores. Recentemente, Gerson Tajes, usando de seu novo poder, outorgado pelo Conselho Federal da Ordem dos Músicos, realizou uma intervenção na OMB do RJ e não será nada impossível que em breve ele passe a ocupar cargos ainda maiores na Ordem dos Músicos do Brasil - Conselho Federal.

A ação política combinada de Roberto Bueno em São Paulo,Gerson Tajes (Alemão) no Sindicato de SP e intervindo nas OMBs dos outros estados, em comunhão com a Federal em Brasília; contando com parceiros e amigos, já integrando postos na OMB-RJ e com o apoio jurídico do ousado jurista carioca Dr. Helder Siqueira; deixa transparecer que o objetivo final pode ser o poder central e o controle do recolhimento e distribuição de todas as alíquotas do show business internacional de importação, para o resto do Brasil.

Apesar dos inúmeros grandes shows internacionais realizados no país, a Ordem dos Músicos e alguns sindicatos, como é o caso do SINDMUSSP enfrentam grandes problemas financeiros, por conta de processos judiciais, trabalhistas e indenizações.

Pode ser que a má administração dos recursos, faça com que o Conselho Federal da OMB tenha que tirar de um cofre para cobrir o outro. Os processos anteriormente movidos entre os presidentes da OMB/CRESP e do SINDMUSSP também fizeram com que os gastos fossem exacerbados.

Agora, as denúncias de Mario Henrique de Oliveira, deixam uma dúvida no ar: Por que o Presidente da OMB/CRESP, Prof. Roberto Bueno, teria fornecido uma declaração por escrito dizendo que parte dos músicos da diretoria do SINDMUSSP eram apenas práticos e não eram profissionais e depois de algum tempo eles estavam aptos para ocupar a diretoria do sindicato, devidamente documentados e aprovados pelo órgão regulamentador da profissão?

A prova de que nem mesmo o próprio presidente da OMB/CRESP acreditava na preparação musical da diretoria eleita no SINDMUSSP foi o processo movido pela autarquia em julho/2014 (época da desavença) e declinado dois meses depois, em setembro/2014 (quando fizeram as pazes), através de um pedido de desistência, aceito e arquivado em novembro do mesmo ano.

No processo, a Ordem dos Músicos do Brasil - CRESP denunciava que ocorreram diversas irregularidades de ordem política, eleitoral e financeira, que possivelmente ocasionaram lesão ao patrimônio do SINDMUSSP e enriquecimento ilícito por parte dos réus. (Vide processo)
Logo em seguida, ambos fizeram algum tipo de acordo e o processo foi retirado (Vide desistência). A OMB/CRESP também forneceu as cópias das entradas dos valores do artigo 53 publicados na matéria desse blog no dia 18/05/2014 (vide matéria), cujos valores dos relatórios descritivos, são iguais em ambas as entidades.

Gerson Tajes nunca quis conversar com o nosso blog apesar de inúmeros convites, apenas disse em off para conhecidos que realizaria a sua prestação de contas e depois disso nos processaria; a Ordem dos Músicos, que tinha ficado de publicar um link em site apropriado com a prestação de contas, ignorou a promessa e não se pronunciou mais após a nova aliança dos presidentes. O Professor Roberto Bueno sempre diz em suas falas que a entidade arca com despesas processuais da gestão anterior e que a OMB/SP ajuda a custear as despesas dos outros estados.

Desde então, inúmeros posts de boas aventuranças foram publicados pelo Sindicato, com fotos de reformas, reuniões com diversos políticos e uso da sigla UGT (União Geral dos Trabalhadores). Diversos músicos visitaram as dependências do Sindicato e deram depoimentos favoráveis às ações em troca de apoios. Nunca na história do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado de São Paulo, se viu um presidente tão bem relacionado, haja vista que se trata do segundo presidente, porque o primeiro, ficou durante 40 anos e não fez nada. Mas o fato intrigante é que apesar de tudo isso, o Sindicato e a OMB/CRESP frequentemente enfrentam problemas sérios de ordem financeira e apesar de sede própria e uma equipe enxuta, a arrecadação anual nunca seria menor do que aproximadamente R$ 3 milhões para cada uma (só em SP).

O jornalista que trabalhava para o sindicato, Marcos Antonio de Oliveira Santos, declarou recentemente num editorial em seu blog (Vide matéria), que não recebeu o salário combinado por seis meses, dos nove em que prestou serviços e está movendo um processo trabalhista. Boatos de que serviços também estariam sendo extintos pelos profissionais também correm no meio dos músicos, apesar de serem todos cobrados pelo sindicato.

O lobby com personalidades e políticos também está se reduzindo e sendo republicadas cenas anteriores para os desavisados, um marketing ao que parece, não está mais dando muito retorno para os músicos, ao contrário do presidente, que já consegue ocupar cargos de extrema confiança. As promessas de gravações com 1 mil Cd's,  carros à disposição para levar músicos ao médico, etc., também são questionáveis.

Processos em segredo de justiça estão correndo e o Ministério do Trabalho parece ignorar o porque processos são abertos e retirados em seguida e por qual motivo acusações dos mais variados tipos que levavam a idoneidade ao questionamento dos envolvidos, foram simplesmente apagados da história.

Apesar do empenho em "mostrar serviço" das entidades defensoras do "músico", os profissionais, parecem mais preocupados na busca do sagrado pão de cada dia e desistiram da preocupação com tudo o que diz respeito à sua profissão, deixando aos denunciantes a nítida impressão de que muita água ainda vai rolar...

Uma coisa é certa, se conflitos e irregularidades continuarem, a PROFISSÃO músico deixará de existir e se tornará apenas uma ATIVIDADE de prestação de serviços. A maior prova disso é que hoje em dia somente alguns órgãos é que ainda exigem a comprovação através da carteira de músico e até mesmo a prefeitura de São Paulo ignora a existência da Nota Contratual. Hoje em dia, qualquer pessoa, mesmo sem comprovar o exercício da profissão, pode se inscrever no MEI - Micro Empreendedor Individual e emitir nota-fiscal de serviços de música ao vivo.

Sendo assim, mesmo que o "casamento" entre OMB/CRESP e SINDMUSSP acabe, os músicos trabalhadores continuarão o seu árduo trabalho, porque até o momento, pouca coisa EM PROL DO MÚSICO melhorou.


Hangout de Mario Henrique de Oliveira











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Imagens:

Processo OMB/CRESP x SINDICATO




Desistência do Processo da OMB



Carta resposta da Ordem dos Músicos afirmando que os músicos eram práticos na época da eleição